2007-08-28

O FUTEBOL ESTÁ VIVO !





O Futebol está vivo !

E ainda bem.





O fenómeno continua a alimentar a Comunicação Social, independentemente da sua "linha de orientação". Mas não só !
Buscando ainda as palavras do meu "apontamento/poema" NÃO MATEM O FUTEBOL - o espectáculo existe, porque ainda não se matou o futebol. Apesar das muitas e continuadas tentativas. Há sempre um lance, uma dúvida em relação ao árbitro, uma bola no poste (às vezes são três!), um remate para fora em cima da linha de golo, o guarda-redes que consegue uma defesa "impossível", um penalty falhado... E depois, há equipas que jogam e deixam jogar, outras nem por isso; há ainda outras que dizem jogar ao ataque, mas só efectuam um remate em 45 minutos; há também quem diga ter conseguido equilibrar o jogo, mas o seu g.r. foi o melhor em campo... há, felizmente, quem diga que a táctica é o 4-3-3 ou o 4-4-2, ou ainda o 3-4-3 ou 3-1-4-2, enfim - como ficou célebre - a melhor táctica é "...todos ao ataque, fechadinhos cá atrás", ou então "...todos ao monte e fé em Deus" ! Tenho para mim que, para além de alguma disciplina táctica, inculcada e apreendida ao longo do tempo, há alturas do jogo em que o suporte das equipas passa mais pelo carácter, pela raça e pela determinação dos jogadores, auxiliados por uma boa dose de sorte !
Deixando estes pormenores para quem sabe ( os treinadores), concentremo-nos no "fenómeno". Escrevia eu que, felizmente, o futebol está vivo. Para bem de muita gente. Dos jogadores em primeiro lugar, pois sem eles não havia ópera ! Os tenores merecem a primazia, mesmo quando simulam as faltas. É deles que se fala ! E são eles que devem ser enaltecidos( sobretudo os que jogam sem receber o respectivo salário...), aplaudidos pela criatividade, criticados pelo mau desempenho. Os jogadores, investidos da fé clubista, chamam o público aos estádios, determinam as audiências das televisões e das rádios ou o consumo dos jornais. Os adeptos, portanto, assumem a partilha da importância maior de todos os condimentos do fenómeno. Sem eles, o circuito paralisava ! Alimentam os "media", suportam os clubes, adquirem os bilhetes - as mais das vezes a um preço demasiado elevado (agora compram ou alugam às SAD's lugares privativos), viajam pelos estádios do país, espalhando as cores que melhor definem a sua identidade. Neste capítulo( entre nós), deve abrir-se uma alínea particular para os grupos organizados - as claques - sem as quais o espectáculo, quase sempre, estaria ferido de morte.Tal como um debate sem direito a contraditório ! Caminhando para associações legalizadas, embora ainda a um ritmo lento, são as claques os verdadeiros motores da animação nas bancadas. Correndo riscos, sujeitos a provocações e a humilhações quando se deslocam(mesmo por parte dos agentes das forças de segurança), ESTES ADEPTOS ESPECIAIS são também capazes de transmitir mensagens positivas e carregadas de beleza, como aconteceu no Dragão com a coreografia do Colectivo Ultras 95 (vale a pena uma consulta ao respectivo sítio da internet, bastando clicar aqui ao lado). Passe o bairrismo/clubismo, poucos terão ficado indiferentes ao espectáculo. Não foi a primeira vez que o fizeram e, espera-se, não seja a última. Tal como já se viu em claques de outros clubes. E é nestas circunstâncias e nestas ocasiões que se deve enaltecer o comportamento, o esforço, a dedicação, a criatividade e, até, a irreverência saudável desses adeptos. Infelizmente, muito poucas vezes isso se verifica. Quando as coisas correm mal, gastam-se rios de tinta! Os rótulos negativos e depreciativos continuam a "vender" uma imagem estereotipada e generalizada, esquecendo que há excepções. E é através do exemplo destas excepções que se pode ir modificando comportamentos. No caso presente e à parte os jornais desportivos, foram poucos os media que dedicaram meia dúzia de linhas ao assunto. Até as televisões, que vivem do e fomentam o espectáculo ! Mesmo a Sport TV, detentora do exclusivo da transmissão, passado o jogo esqueceu praticamente o espectáculo das bancadas. A grande maioria concentrou-se na polémica dos lances, dando continuidade à sua própria "orgia" de parcialidade e agressividade emitida durante a semana que precedeu o jogo. Em vez de desforra preferiram "vingança", no lugar de tranquilidade optaram pela "pressão"! Apregoam a necessidade de transparência mas, depois, misturam intencionalmente os apitos dourado e encarnado. É a lógica da "guerra" para vender ! Os media e os jornalistas são, assim, outro dos pilares do fenómeno. Infelizmente, nem sempre pelos bons motivos ou, como agora é moda, pelas "boas práticas"... Há jornalistas/comentadores que pretendem saber mais do que os treinadores; há outros que gostariam de ser treinadores ( e alguns até conseguiram); há também uns(poucos) que sabem mais do que os treinadores e outros (muitos) que sabem menos.
Também por isso o FUTEBOL ESTÁ VIVO ! E para lá dos treinadores de bancada, há ainda os dirigentes, uns mais profissionais do que outros, alguns mais ricos do que muitos, também alguns que enriquecem mais do que outros ! Raramente ficam mais pobres, embora também aconteça - particularmente no futebol não profissional. Aos dirigentes dos clubes, é preciso somar os dirigentes associativos e federativos, muitos dos quais incompetentes. E a estes, os titulares dos órgãos disciplinares e jurisdicionais, muitas vezes igualmente incapazes, como se verificou no início desta época. Os agentes/empresários, nomeadamente os que manipulam milhões, têm hoje um papel decisivo nas movimentações dos jogadores, no chamado mercado das transferências. Como em tudo, há uns mais honestos do que outros, alguns mais competentes e outros mais dependentes da sorte. Crendo não me ter esquecido de qualquer actor de relevo neste fenómeno da bola, deixei os árbitros ( e auxiliares ) para o final. Não vou repetir palavras já escritas anteriormente neste mesmo blog, apenas quero realçar a fragilidade da função. Tal como sobre o g.r. de uma equipa recai o "odioso" do golo - é ele o último obstáculo antes da bola entrar na baliza - também sobre o árbitro se abate quase sempre a "montanha" dos problemas e das peripécias de um jogo. Umas vezes justamente, outras nem por isso. O mal é que, frequentemente, não é bem entendida a subjectividade da interpretação dos lances. E se aos jogadores não se critica ou condena o abuso dos atrasos aos g.r., por que razão se há-de transferir para os árbitros o cúmulo da responsabilidade pela falta de clareza das leis ? Tem sido o resultado da análise do lance decisivo no Dragão. Nem os próprios árbitros se entendem sobre o articulado da lei. Apetece dizer... ORGANIZEM-SE !
Apesar de tudo, também por isso o FUTEBOL ESTÁ VIVO !

António Bondoso.

2007-08-23

"SUAVE" PRESSÃO E SERIEDADE !

Cada palavra, o seu significado, a altura em que é proferida - determinam quase sempre o valor das ideias que se pretende transmitir. Por quem diz e por quem veicula !
Não é coincidência - é a lei do mercado! Mal aplicada, naturalmente !
Para "responder" ao "furo" da RTPn ( Trio De Ataque - que, afinal, são quatro como os Mosqueteiros), entrevistando Fernando Santos no dia seguinte ao do seu despedimento da Luz,
a Sport TV teve o "rasgo" de, de um momento para o outro, transmitir uma entrevista com o treinador do Sporting, Paulo Bento. Nada do outro mundo, não se desse o caso de estarmos na semana do Porto-Sporting ! Se, no caso de F.Santos, havia "motivo/notícia" e oportunidade - que justificação, que motivo para a conversa com Paulo Bento ? A propósito de quê, senão do Porto/Sporting ? A intenção da Sport TV vale o que vale, independentemente de ter sido também convidado, ou não, o treinador do Porto. Quem "percebe" o funcionamento da máquina azul e branca, certamente não estranhará que Jesualdo Ferreira tenha recusado um eventual convite daquela estação televisiva, para falar em vésperas de um jogo importante. Não se coloca em causa a LEGITIMIDADE da Sport TV. Mas... a OPORTUNIDADE não foi a melhor.
Não havia "quase nada" de especial para dizer, pois ambas as equipas estavam desfalcadas de um grande número de jogadores, ao serviço das suas selecções. Tudo se foi repetindo desde o fim de semana. Poderia aplicar aqui a célebre frase "na frente nada de novo" ! Pode perguntar-se, então ( reconhecendo, embora, a subjectividade da questão) - sem OPORTUNIDADE e sem ASSUNTO, por que razão a entrevista ?
OBJECTIVAMENTE, ela serviu - pelo menos - para proporcionar a Paulo Bento umas "alfinetadas" ao clube rival e próximo adversário. Falou-se, por ex, da "suave" pressão portista sobre o árbitro, a propósito dos "protestos" sobre o lance da mão na bola ,de Tonel, no jogo da Supertaça. De facto, a (ex)pressão "suave" de P.B. é correcta. Sobretudo tendo em conta a longa e contínua pressão do Sporting, a época passada, a propósito do lance de um golo, com a mão, de um jogador do Paços de Ferreira em Alvalade. A pressão durou até ao fim da época ! E não apenas com recurso à Comunicação Social. A pressão exerceu-se, também, nos órgãos disciplinares desportivos.
P.B. pode argumentar que não existiu grande penalidade no lance de Tonel, mas não é uma atitude séria. Tal como não é séria a postura dos jornalistas que continuam a falar de "pretensa"
grande penalidade, mesmo depois de analisados todos os "ângulos de visão" a que foi sujeito o lance. A seriedade pode não ser uma característica inata das pessoas, mas pode ser adquirida ao longo da vida. O carácter pode ser moldado, apreendendo determinado conjunto de valores.
A propósito destas situações de OPORTUNIDADE, SERIEDADE, PRESSÃO e MOTIVO, vem à memória uma "espécie" de grande reportagem transmitida recentemente pela RTP, sobre a figura de Pinto da Costa. Os fins justificam os meios ?
A "guerra" de audiências será a melhor baliza para o comportamento dos Media ? Pondo de parte o "clubismo" - espero um grande espectáculo no estádio do Dragão. Pelo menos nas bancadas (ou em parte delas), com a animação e coreografias que se anunciam. Estejam atentos à minha "claque" - o Colectivo Ultras 95 !
No estádio ou pela televisão, divirtam-se com o FUTEBOL !

António Bondoso

IDEIAS E FRASES - 2

O "PESADELO" E "UMA NOTÍCIA AO CONTRÁRIO" .


Acordei sobressaltado, suores frios, muita e aflitiva angústia, ecos de gritos que nunca cheguei a dar.
O pesadelo, tratava-se de um pesadelo, mostrava-me a figura de Joe Berardo ( o homem tem sido como que uma obsessão para os media), frente a uma "bateria" de microfones de Agências, Rádios e TVs, a explicar aos "jornalistas" (virtuais) como deveria ter sido conduzida a investigação do "Caso Madie".
O "massacre" já durava há uns dias e tudo parecia indicar que eu seria mais uma das milhares de vítimas do "despejo" contínuo ( e continuado!) da especulação dos MEDIA sobre o "crime" de Albufeira. Hediondo, sem dúvida, mas - curiosamente - com uma mediatização fora do comum, tendo em conta as centenas e centenas de casos idênticos por esse mundo fora e que não mereceram mais do que breves instantes de "antena".
No meio de tantos atropelos... à ética, à privacidade, às regras básicas do jornalismo e, até, à própria investigação policial ( Tem-se acentuado a tendência de muitos O.C.S. e de muitos jornalistas para se substituirem, ora aos políticos, ora às polícias )... de repente alguém descobre a pólvora : - "fazer jornalismo com base em tão pouca informação, conduz à especulação" !
Não me chocou tanto a "descoberta da pólvora" (provavelmente esse pormenor não foi tratado no curso universitário...) mas, sem dúvida mais, o facto de ser necessário transmitir a ideia através de um jornalista "de fora", por acaso da BBC. Estranha e subserviente parolice !
Talvez pensando que, por essa estratégia saloia, pudesse "esconder" o triste espectáculo que se
vinha oferecendo à Opinião Pública.
E como se não bastasse ter ido atrás da "onda" de atropelos dos camaradas britânicos, eis que uma jornalista portuguesa, bem informada e com oportunidade, acrescenta à reportagem mais uma pérola!
Ao fim de três meses de investigação ( contados e assinalados quase ao segundo...) sai a pergunta mais acertada a um porta-voz da PJ : --- " QUAL O PRÓXIMO PASSO DESTA INVESTIGAÇÃO" ? Se a Universidade não chega e se as Empresas não investem na FORMAÇÃO - há pelo menos a possibilidade de recorrer a alguns cursos do Cenjor ( é pena que já não funcione o CFJ, no Porto) !
Seria, sem dúvida, de muita utilidade para um camarada de uma rádio nacional que, há dias, me feriu com esta tirada : - "E AGORA, UMA NOTÍCIA AO CONTRÁRIO" !
Queria ele realçar a circunstância de, a determinada hora de um pacato dia, não haver notícia de acidentes rodoviários no país. Sempre me recordo de ouvir dizer "não há notícias - boas notícias". Mas nunca me passou pela cabeça esta "figura" da notícia ao contrário !
Ao básico dos manuais "pirâmide invertida", "sequência cronológica" ou "construção por blocos",
pode agora acrescentar-se esta ideia inovadora.
E já que falo em pérolas ( sem contar com as centenas de "então" que ouço pronunciar diariamente), recordo-me de mais uma produzida há dias numa outra rádio, a propósito da catástrofe no Perú : "...para levar mais rapidamente as necessidades às áreas rurais" !
Pobres daqueles a quem as necessidades são levadas...
De catástrofe em tragédia, vai sendo tempo de, "quem elabora notícias", estar minimamente informado sobre os temas que aborda. Saber, por exemplo, que a República Popular da China é uma coisa e Taiwan outra. E, por essa ordem, saber que a Air China é uma coisa e a China Airlines outra ! Vem a propósito do acidente com um avião de Taiwan num aeroporto japonês de Okinawa. O texto da notícia, numa TV portuguesa, não sabia distinguir a origem do avião e fez confusão com as estatísticas da "China", sabendo-se que a RPC é um Continente e Taiwan uma ilha. Apesar das tentativas de Pequim, ainda não foi possível unificar a China. Há um longo caminho a percorrer pela política de "um país - dois sistemas", nomeadamente nos direitos humanos. Não é que Taiwan seja um exemplo "puro", mas a ilha ( Formosa para os portugueses)
tem uma fortuna colossal e será o último passo para a unificação, depois de Hong Kong e de Macau.

A.B.




2007-08-08

Duas notas sobre "futebol".

Relativamente ao meu apontamento sobre o "futebol", devo agora acrescentar duas simples notas:- 1) - Louvar a atitude corajosa, responsável, competente do Presidente da Direcção do Leixões Sport Club, ao condenar vigorosamente o comportamento inqualificável de alguns adeptos
do Clube de Matosinhos, por ocasião de um jogo "amigável" com o Vitória de Guimarães.
O presidente Leixonense herdou "picardias" da época passada, mas soube enfrentar a meia dúzia de desordeiros que provocaram os incidentes no Estádio do Mar, neste início de temporada.

2) - Não é certamente com afirmações como as que proferiu Humberto Coelho que o futebol ganha tranquilidade :- "David Luiz parece um assassino" ! O experiente Humberto Coelho devia saber que , estes, são títulos que "vendem" a (e na) Comunicação Social.

2007-08-07

Poesia - Um sopro do Alentejo

Não nos conhecemos pessoalmente, mas já trocámos "palavras" num grupo que se dedica à informação, ao debate, à promoção de S.Tomé e Príncipe. É só utilizar a ligação disponível neste espaço.
De quem falo é de José Augusto de Carvalho, de Viana do Alentejo - Évora.
Alentejo de "Searas ao Vento", o calor, os montes, a simplicidade e a riqueza interior do povo. É fácil amar o Alentejo, sofrido e generoso - a terra do "cante", onde os passarinhos fazem desgarradas às quatro da madrugada.

Do seu livro "em construção" O MEU CANCIONEIRO (II parte, Cantigas de amigo), partilhou
J.A. Carvalho há dias, com o grupo, estes versos que vos deixo :

O meu amigo levou
consigo o meu coração.
No vazio que ficou,
abrigo angústia e aflição...

Levou-mo como refém
da promessa recebida
de eu não ser de mais ninguém,
enquanto a vida for vida...

Amigo que não sabeis
que o coração duma dama
se rege por outras leis
quando por amor se inflama!...

Uma paixão transitória
que um cavaleiro tiver
será sempre a triste história
da vida de uma mulher.
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A.B.

2007-08-06

A "falha" no Currículo

Todos temos uma "falha" no currículo!
Independentemente do "ângulo" em que se queira analisar a questão. E no meu caso, as falhas são muitas, como por exemplo não ter ainda visitado o Vietnam e a Austrália ( isto dos antípodas tem imensa graça!) e não ter sido um grande jogador de futebol. A Política é um assunto muito mais complexo e eu nunca me dei bem com a "politiquice". Talvez por isso tenha sido penalizado algumas vezes. Posso mesmo dizer que, uma das grandes falhas no meu currículo, foi ter acreditado e ajudado algumas pessoas sem carácter e sem "coluna vertebral" a sobreviver e a singrar na "selva" em que se foi tornando o mundo da Comunicação Social (empresas e jornalistas)!
Mas é precisamente no campo da "política" que as falhas são mais notadas ultimamente. O País é pequeno, a concorrência é grande e, por isso, os agentes e actores políticos correm constantemente atrás das "falhas" para tapar os buracos no currículo. O cidadão comum não tem, seguramente, essa preocupação. Mesmo assim, há alguns que não resistem à tentação dos títulos académicos. Dr para aqui, Eng para ali, - as siglas vão ficando cada vez mais banais. Volto a socorrer-me das palavras de António Arnaut, numa recente entrevista à Visão, para corroborar a ideia.
A "última falha" que deu enorme brado, foi a do Dr. Marques Mendes, líder do PSD, agora de novo candidato a líder nas "directas", também - naturalmente - candidato ao cargo e à função de Primeiro Ministro. É a lógica normal e natural da política !
Quando o país esperava uma falha de vulto, digna da tal lógica, eis que, afinal, a falha de Marques Mendes é muito simples : - nunca ter ido à festa do PSD/Madeira no Chão da Lagoa !
Não seria nada por aí além, se ela não tem sido anunciada num contexto político muito particular e delicado, que o líder do PSD/Madeira e Presidente do Governo Regional tem vindo a aproveitar para a sua habitual demagogia. Mas quando essa demagogia resvala para "desafios à autoridade do Estado", o assunto torna-se inquietante. Pelo meio, o líder do PSD/Madeira levantou de novo "o fantasma do saparatismo", utilizando-o quase como "chantagem" perante o Governo da República.
Como disse, a falha de Marques Mendes teria pouco de especial ( outras bem mais graves de outros líderes e actores políticos têm marcado a nossa actualidade!) - não se desse o caso de, "tapando a falha", a atitude do líder do PSD ter avalizado a "demagogia" do líder local. Avalizou os desafios à autoridade do Estado, avalizou as expressões "habitualmente ofensivas" de JJ (agora queixa-se das ofensas de L.F.Menezes) e não teve um simples gesto, uma simples palavra para se demarcar. À pequena falha, MM acrescentou uma grande falha. Veremos a sua importância no futuro.

2007-08-02

Voltou a "redondinha"

Costuma lembrar o meu camarada e poeta Manuel António Pina que a poesia é um "ofício difícil". Mas, para além disso, a poesia é também um JOGO. Um jogo de palavras, de sentimentos, de emoções, de protesto perante a injustiça, de louvor diante do que deve ser exaltado. Um jogo de amor, também de mentira - um jogo de verdade e de (in)felicidade. UM JOGO DE VIDA !
Mas é de novo o tempo de outro jogo, aquele a que costumam chamar de "desporto rei". E qual a relação do futebol com a poesia ? É que esta é também um "jogo" em que o árbitro ( o poeta ) é que decide marcar os golos nesta ou naquela baliza, quando e como quiser, desde que seja com as palavras certas - directas, de encantamento, ou mordazes como farpas ! Um desafio de futebol, quando bem jogado, é um hino à Poesia.
Mas a figura do árbitro não aparece nas minhas palavras com o significado de "Satanás". Longe disso e até pelo contrário. O árbitro é uma "peça central" do jogo, com tanta importância (sendo certo que às vezes com "idêntica influência") como a dos agentes directos - jogadores e treinadores. E como o futebol não é uma ciência exacta, por muito que tentem, acontece que "todos" acabam por falhar em algum momento. E não será a "profissionalização" a mezinha para todos os "males" do nosso futebol, se a essa opção não for adicionada uma dose de maior rigor , de mais treino e de penalizações mais adequadas. Os árbitros vão continuar a errar(basta recordar o que se passou por ex nos recentes torneios do Guadiana e de Roterdão e no 1º clássico Chelsea-M.United) ! Mesmo que treinem com os fuzileiros na Base do Alfeite! O que se lhes pede ( e não é de agora - é desde sempre! ), tal como aos juízes, é que tenham as leis numa mão e o bom senso na outra ! O tempo de decisão, infelizmente para os árbitros, é que é mais curto. Imediato ! Competência, Classe, Atitude - Saber estar! E tendo em conta a grande dose de subjectividade da função, também os observadores vão continuar a cometer "erros" nas classificações que vão atribuir aos árbitros. Por muito que os critérios de avaliação evoluam positivamente, como se espera. E também não será a introdução de tecnologias ( como no ténis) que vai resolver tudo. Aliás, como se tem visto nos grandes torneios de ténis por esse mundo fora. A bola "queimou" a linha ou não( atenção aos Fiscais/Auxiliares) ? E a repetição dos lances, em digitalização, deverá ser feita nos écrans dos estádios ?
Um passo importante para a "credibilização" do futebol será ao nível dos dirigentes. Alterações profundas na sua mentalidade mesquinha, na ganância ou, até, na "esperteza saloia" ! A competência e a honestidade deverão estar para além de tudo isso . E os adeptos ?
É um componente essencial do fenómeno ! Como na Ópera, no Teatro, no Cinema, os adeptos (espectadores) são a razão do espectáculo. São eles que arriscam, são eles que "mexem" e fazem "mexer" o fenómeno. Independentemente de haver associações ou grupos organizados - as claques ! É certo que os "grupos" ( mesmo tendo em conta as excepções) têm constituído a origem de alguma violência nos estádios ou nas imediações. Mas não se pode generalizar e devem até salientar-se os exemplos positivos.E quem estuda a psicologia das multidões, não pode esquecer outros elementos associados, como as raízes culturais e as condições sócio-económicas. E o próprio fenómeno futebolístico, em si, que deixou de ser apenas desportivo para se tornar numa indústria - cada vez mais potenciadora de outras indústrias! E o "dinheiro" - já dizia Thomas More na sua "Utopia" - é um dos grandes males das sociedades.
Por muito que se tente "diabolizar" as claques, não se pode esquecer o que as rodeia, os interesses envolvidos e as manipulações a que são sujeitas. Como a "provocação esclarecida" na Luz, a época passada. Não foi imprudência nem ingenuidade. Basta ler o relatório da Inspecção do MAI. E depois de publicado, qual foi o destaque que mereceu dos media ? Praticamente nenhum. Mas, no imediato, as claques ( no caso, as "azuis e brancas") foram julgadas e condenadas. Por isso, também não se pode deixar de fora o comportamento dos media- jornalistas e proprietários! Também neles se manifesta a subjectividade, o erro de julgamento apressado e definitivo. É bom que se reconheça. E que se aceite ! "Ninguém" é detentor da verdade. E são também muitos jornalistas/comentadores a colocar pressão sobre os árbitros. Quer pelo que dizem antes dos jogos, quer pelos comentários durante, ou ainda pelo julgamento final. Sobretudo quem utiliza a Televisão ! Mesmo dispondo de toda e idêntica tecnologia, os comentários e as análises dos chamados lances polémicos não "coincidem". Por outro lado, há até lances que "passam em claro" ! E a subjectividade, meu Deus ! Não é fácil esquecer ditos deste tipo : - "não foi o avançado que falhou, foi antes o guarda-redes que efectuou uma grande defesa". Normalmente é nas grandes penalidades, mas acontece também nos lances de "bola corrida" - de acordo com a "clubite" dos comentadores.
Partindo dos pressupostos desta análise/comentário, deixo à vossa consideração este meu poema, que já data de 2004.

Ainda uma nota : --- como devem ter "reparado", ao texto original foram hoje ( dia 6 Agosto)
acrescentados breves e simples pormenores.

NÃO MATEM O FUTEBOL...
SOMOS A RAZÃO DA PAIXÃO!

Universo de carácter encantado
Rompe o futebol com a razão.

Noventa momentos de magia
labirinto rendilhado de emoção
não existe um limite de sentidos
cultiva-se a grandeza da peleja.
Ritual de força e de paixão
intensa imagem de calor
mal desponta o início da função
cresce tudo em movimento e muita cor.

Universo de carácter encantado
Somos nós a razão dessa paixão.

Plateia de vulcões adormecidos
com vultos exaltados e aguerridos,
o futebol é emoção e é paixão
uma bola colorida em rotação
gritando que o consenso é um empate
sem lugar elevado no combate !

Universo de carácter encantado
é brilho que alimenta o coração.

Identidade vestida p'ra ganhar
um jogo permanente de poder,
agitada e complexa incerteza
de uma bola repetida p'ra marcar,
quase nada sobra a quem perder...
talvez suaves toques de beleza
e um golo já feito p'ra não ser.

Universo de carácter encantado
nem tudo se move por paixão.

O esforço e o suor na camisola
nem sempre determinam a vitória
ou obrigam a perder quem não transpira.
Ciência quanto baste e show de bola
não esgotam emoção aleatória
ou perturbam corações que os inspira.
Não matem o futebol assim jogado
humano e vivido em todo o lado
eterno universo encantado
e renascido a cada golo anulado.

Somos nós a razão dessa paixão
cantemos futebol no coração !
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António Bondoso
V.N. de Gaia